quinta-feira, 12 de junho de 2008

A MPB nossa de cada dia nos dá hoje!





Sinceramente, não dá pra entender o ódio mortal que alguns cristãos sentem em relação a nossa Musica Popular Brasileira. Ou melhor, dá pra entender sim... esse pensamento é o simples reflexo de um povo que foi “colonizado” espiritualmente por uma mentalidade estadunidense-européia e hoje sofre nas mãos dos “brasileiríssimos” apóstolos da “teologia do gueto” (aquela que afirma que tudo de fora é do diabo e tudo de “dentro” é de Deus).


Quanto à música, então, nem se fala! Música que não louva a Deus, é do diabo!


Meu Deus!!! De onde tiraram essa idéia? Onde ficam a poesia, a arte, a beleza, o romantismo? Será que estamos mesmo fadados a sermos reféns das rádios evangélicas e suas “maravilhosas” canções românticas? Será que só poderemos ouvir a “poesia” dos mantras repetitivos e infindáveis? Não poderemos mais ouvir os nossos chorinhos lindos e estaremos à mercê dos chorões de auditório? Será que o meu Brasil-brasileiro-mulato-branco-moreno-e-negro cairá sob a bandeira de Israel e seus shophares mágicos?


A implicância com a música brasileira ao meu ver tem dois motivos, ambos impregnados na mente de nosso povo e já considerados como “doutrina bíblica” por muitos.


O primeiro motivo é por ser... “música”. Como assim?


Há algum tempo atrás surgiu uma “doutrina”, dessas que surgem de vez em quando e fazem aquele estrago imenso, onde se dizia que Lúcifer era “ministro de louvor” no céu, daí entender tanto de música e saber usar a seu favor essa maravilhosa arte. Logo, a música que não era pra louvar a Deus, só poderia ter outra fonte: o gramunhão! Daí rejeita-se QUALQUER coisa que não tenha o rótulo de “evangélico” e, mais recentemente, o melhor dos rótulos: “gospel” (assim acaba de vez qualquer tentativa de ser brasileiro).


Essa idéia errônea atribui mais poder ao diabo do que a Deus. Ora, Deus é criador de tudo e tudo o que é realmente belo vem dEle, é o que se chama na teologia de “graça comum” (é claro que o conceito de graça comum é bem mais amplo, mas fiquemos aqui na beleza...). Não há beleza que não venha de Deus. Lembro-me de uma música do MILAD, em seu álbum “Retratos de Vida”. A música chama-se “Platéia” (Toninho Zemuner – Alexandre Rocha) e diz:


“Pra começo de história

Entre acordes e tons,

Onde Chicos e Miltons

Fazem os sons...

(...)

Ah! Se todos soubessem

De onde vêm esses dons,

(...) A fonte é Deus,

Essa fonte de vida...”


Essa “teologia” ainda foi mais fomentada quando Raul Seixas deslanchou com “Rock do Diabo”, onde afirmava que “o diabo é o pai do rock”. Quanta ingenuidade a nossa!!! Estamos fazendo com a música a mesma coisa que fizemos com o arco-íris, entregando coisas divinas ao movimento gay e à Nova Era como se realmente o arco-íris fosse um sinal diabólico, totalmente contrário aos planos de Deus. Ignorância! Ignorância Bíblica! A única coisa que o diabo conseguiu ser pai é da mentira (João 8.44) e é exatamente em sua especialidade que ele coloca na mente dos cristãos que tudo o que não é da IGREJA não é de DEUS.


Mas isso também depende dos “frutos” (entenda-se aqui frutos como propaganda, marketing, e principalmente LUCRO). Até pouco tempo atrás futebol era uma coisa do diabo. Isso até os mais famosos jogadores se dizerem evangélicos e aí os pastores, ávidos por aparecerem na mídia ao lado de seus fiéis... sacralizaram o que até então era diabólico. Hoje ninguém mais comenta que futebol é do diabo e que a bola é o “ovo do capeta”. Deixou de ser há muito tempo, desde quando começou a trazer frutos e dividendos pro “Reino”.


Em tempo: não sou contra o futebol. Pelo contrário!!! Sofro como flamenguista; gosto de bater uma pelada com amigos; de ir ao Maracanã quando dá tempo torcer pro Mengão; em épocas de copa do mundo, paro pra assistir todos os jogos do Brasil, e como bom brasileiro estou torcendo desde já pelo hexa da nossa seleção.


Pois bem, o diabo nunca foi ministro de louvor no céu (só se isso fizer parte de algum livro apócrifo), e o máximo que ele pode fazer é deturpar aquilo que Deus criou, mas nunca ser pai de alguma coisa. A música é um presente de Deus à humanidade, que pode ser utilizada em seu louvor, como também simplesmente para demonstrar sentimentos belos como o amor, a saudade, o carinho, sonhos, etc.


Essa idéia faz com que a música seja olhada como a pior arte, arte exclusiva de Satanás. Não vejo ninguém recriminando um filme, uma poesia, uma escultura, uma exposição de quadros... tudo isso é arte. Só não pode haver música!!! Se houver música, na cabeça de muitos, a coisa passa a ter um outro dono: o diabo. Todas as outras artes podem ser apreciadas, sem problema algum, menos a música. Santa ignorância! Santa hipocrisia!


É claro (e é aqui que está o cerne da questão) que há a boa música e a música ruim. Não dá pra ter prazer ouvindo “Vem Tchutchuca, vem aqui pro seu tigrão” ou “Hoje é festa lá no meu apê... vai rolar bundalelê”. Mas não podemos julgar o todo pela parte ruim. Há música ruim na MPB? Claro que há! O que faço? Não ouço! É simples... Há música boa na MPB? Claro que há! O que faço? Ouço... e louvo a Deus por ter dado ao homem (mesmo o que ainda não O conhece pessoalmente) essa capacidade “divina” de harmonizar letra e música, verbo e melodia... isso é dom de Deus!!! Não vem do diabo, como muitos querem.


Experimente ouvir de coração aberto “Toada” (Boca Livre); “Sapato Velho” (Roupa Nova); “Aquarela” (Toquinho); “Eu Sei que Vou Te Amar” (Vinícius); “Sucedeu Assim” (Tom Jobim); “Vieste” (Ivan Lins) e muitas outras músicas lindas de nossa MPB e você entenderá o que estou dizendo...


E outra questão precisa ser levantada. Há música boa no meio evangélico? Claro que há! O que faço? Canto, toco, ensino nas igrejas, etc... Há muita porcaria no meio evangélico? Claro que há! O que faço? Não ouço e nem recomendo. É simples também! E ainda cabe alertar o povo de Deus contra o engano desses “senhores de gravadoras” que comandam o mercado gospel e enfiam goela abaixo os seus queridinhos e suas músicas “de Deus”.


Portanto, antes de “julgarmos” os de fora, julguemos a nós mesmos. Nossa qualidade musical, conteúdo, as maracutaias no meio “gospel”, a máfia das rádios evangélicas e de seus donos-sempre-candidatos-políticos, o uso do nome de Deus em vão para enriquecer pilantras e enganar o povo, etc...


A segunda questão que creio ser fundamental para a não aceitação da MPB por parte de alguns evangélicos é o simples fato de ser... Brasileira! A igreja evangélica no Brasil tem a péssima mania de só considerar sacro o que “vem de fora”. Há a rejeição latente aos ritmos brasileiros, a miscelânea cultural que é a nossa pátria tupiniquim.


Instrumentos de origem africana são quase sempre associados aos cultos do candomblé, a riqueza de sons e ritmos é sempre associada ao folclore, ao popular, e a arte popular é profana... indigna de se cantar “pra Deus”.


É comum em casamentos, processionais, recessionais, e outros momentos “instrumentais” em igrejas as grandes composições de Bach, Beethoven, Haendel... mas não há espaço pra Carlos Gomes, Villa-Lobos, Waldemar Henrique, Radamés Gnattali, entre outros...


A música genuinamente brasileira é sempre olhada de lado. Bom mesmo é o que vem de fora... que nos sirvam de provas os grandes hits do “louvor brasileiro” que em sua maior parte é composta de versões do Hosanna Music, Hilsong Church, Michael W. Smith, etc. Não estou dizendo que isso não possa acontecer. Há músicas boas que podem, e devem ser traduzidas, mas por que tanto preconceito com o que vem de dentro de nosso solo, da mãe gentil e pátria amada? Por que João Alexandre, Jorge Camargo, Nelson Bomilcar, Carlos Sider, Carlinhos Veiga, Atilano Muradas, Arlindo Lima, Sérgio e Marivone (Baixo & Voz), Gláucia Carvalho e outros tantos não são conhecidos da grande maioria dos evangélicos brasileiros? Falta de talento e inspiração? Não!!! Falta de vergonha das nossas rádios e dos mega-empresários da fé. Falta de vergonha de uma igreja que nunca chegou a ser brasileira de fato.


Nossas raízes européias e estadunidenses devem ser respeitadas. Foram eles que atravessaram mares para nos pregar o Evangelho da graça. Mas somos brasileiros. Em nosso corpo e em nossa mente há uma ginga inegável, um requebrar sadio que não se contem ao som dos tambores, atabaques, violas, violões, cavaquinhos, e tantos outros instrumentos.


Voltando ao nosso assunto (MPB). A lógica que cabe no meio “gospel” também serve para a nossa cultura. Somos sempre tentados a não valorizar o que temos de bom. Temos poetas maravilhosos, compositores fenomenais em nossa MPB e em nome de uma fé totalmente equivocada desperdiçamos a chance de crescermos como brasileiros, como músicos, como poetas ao nos recusarmos a ouvir o que há de bom do lado “de fora” do nosso gueto.


Que reconheçamos em todas as coisas belas, e até mesmo na boa MPB, traços do criador, resquícios da imagem de Deus ali pulsantes em alguém criado à sua imagem e semelhança. Creio firmemente que Deus não punirá aqueles que ouvem a boa música brasileira, européia, estadunidense, africana... Ele ainda é Senhor de todas as coisas, mesmo que muitos dos que se dizem seus “filhos” não queiram...



José Barbosa Junior

terça-feira, 10 de junho de 2008

95 Teses para a Igreja de Hoje (Nova edição)




Por José Barbosa Junior



No dia 31 de Outubro de 1517, o monge agostiniano Martinho Lutero afixou, na Abadia de Wittemberg, 95 teses em que desafiava a Igreja Católica a debater sobre a venda de indulgências. O fato desencadeou o que mais tarde seria conhecido como a Reforma Protestante, movimento que marcou a história da humanidade.



489 anos depois, ao vermos a igreja “protestante” navegar por mares incertos e perigosos, decidimos relançar (com pequenas modificações) em comemoração a esta data tão importante em nossa história, um manifesto pela volta à simplicidade do Evangelho, segundo as Escrituras.



O lema Eclesia reformata, semper reformanda, deve estar sempre ecoando em nossos ouvidos, chamando-nos à responsabilidade de sempre caminharmos segundo a Palavra, sem nos deixarmos levar por ventos de doutrinas e movimentos que tentam transformar a Igreja de Cristo, num circo eclesiástico, nas mãos de líderes inescrupulosos, que manipulam o povo ao seu bel prazer, tudo isso em nome de Deus!Fica lançado aqui o nosso desafio.



Não temos a pretensão de iniciarmos uma “nova reforma”, mas simplesmente levar o povo de Deus a uma reflexão sincera e bíblica daquilo que temos vivido como Igreja de Cristo em nosso tempo.O texto abaixo surge muito mais como desabafo e lamento do que como proposta de revolução.



“Non nobis Domine, sed nomini Tuo da gloriam” (Salmo 115.1)



OBS: Aquele que desejar o arquivo em PDF para divulgação, exposição e discussão em sua igreja ou grupo religioso, favor enviar e-mail solicitando-o para

crer@crerepensar.com.br






95 Teses para a Igreja de Hoje



1 – Reafirmamos a supremacia das Escrituras Sagradas sobre quaisquer visões, sonhos ou novas revelações que possam aparecer. (Mc 13.31)


2 – Entendemos que todas as doutrinas, idéias, projetos ou ministérios devem passar pelo crivo da Palavra de Deus, levando-se em conta sua total revelação em Cristo e no Novo Testamento do Seu sangue. (Hb 1.1-2)


3 – Repudiamos toda e qualquer tentativa de utilização do texto sagrado visando a manipulação e domínio do povo que, sinceramente, deseja seguir a Deus. (2 Pe 1.20)


4 – Cremos que a Bíblia é a Palavra de Deus e que contém TODA a revelação que Deus julgou necessária para todos os povos, em todos os tempos, não necessitando de revelações posteriores, sejam essas revelações trazidas por anjos, profetas ou quaisquer outras pessoas. (2 Tm 3.16)


5 – Que o ensino coerente das Escrituras volte a ocupar lugar de honra em nossas igrejas. Que haja integridade e fidelidade no conhecimento da Palavra tanto por parte daqueles que a estudam como, principalmente, por parte daqueles que a ensinam. (Rm 12.7; 2 Tm 2.15)


6 – Que princípios relevantes da Palavra de Deus sejam reafirmados sempre: a soberania de Deus, a suficiência da graça, o sacrifício perfeito de Cristo e Sua divindade, o fim do peso da lei, a revelação plena das Escrituras na pessoa de Cristo, etc. (At 2.42)


7 – Cremos que o mundo jaz no maligno, conforme nos garantem as Escrituras, não significando, porém, que Satanás domine este mundo, pois “do Senhor é a Terra e sua Plenitude, o mundo e os que nele habitam”. (1 Jo 5.19; Sl 24.1)


8 – Cremos que a vitória de Jesus sobre Satanás foi efetivada na cruz, onde Cristo “expôs publicamente os principados e potestades à vergonha, triunfando sobre eles” e que essa vitória teve como prova final a ressurreição, onde o último trunfo do diabo, a saber, a morte, também foi vencido. (Cl 2.15; 1 Co 15.20-26)


9 – Acreditamos que o cristão verdadeiro, uma vez liberto do império das trevas e trazido para o Reino do Filho do amor de Deus, conhecendo a verdade e liberto por ela, não necessita de sessões contínuas de libertação, pois isso seria uma afronta à Cruz de Cristo. (Cl 1.13; Jo 8.32,36)


10 – Cremos que o diabo existe, como ser espiritual, mas que está subjugado pelo poder da cruz de Cristo, onde ele, o diabo, foi vencido. Portanto, não há a necessidade de se “amarrar” todo o mal antes dos cultos, até porque o grande Vencedor se faz presente. (1 Co 15.57; Mt 18.20)


11 – Declaramos que nós, cristãos, estamos sujeitos à doenças, males físicos, problemas relativos à saúde, e que não há nenhuma obrigação da parte de Deus em curar-nos, e que isso de forma alguma altera o seu caráter de Pai amoroso e Deus fiel. (Jo 16.33; 1 Tm 5.23)


12 – Entendemos que a prosperidade financeira pode ser uma benção na vida de um cristão, mas que isso não é uma regra. Deus não tem nenhum compromisso de enriquecer e fazer prosperar um cristão. (Fp 4.10-12)


13 – Reconhecemos que somos peregrinos nesta terra. Não temos, portanto, ambições materiais de conquistar esta terra, pois “nossa pátria está nos céus, de onde aguardamos a vinda do nosso salvador, Jesus Cristo”. (1 Pe 2.11)


14 – Nossas petições devem sempre sujeitar-se à vontade de Deus. “Determinar”, “reivindicar”, “ordenar” e outros verbos autoritários não encontram eco nas Escrituras Sagradas. (Lc 22.42)


15 – Afirmamos que a frase “Pare de sofrer”, exposta em muitas igrejas, não reflete a verdade bíblica. Em toda a Palavra de Deus fica clara a idéia de que o cristão passa por sofrimentos, às vezes cruéis, mas ele nunca está sozinho em seu sofrer. (Rm 8.35-37)


16 – Reafirmamos que, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, sendo os mesmos livres de quaisquer maldições passadas, conhecidas ou não, pelo poder da cruz e do sangue de Cristo, que nos livra de todo o pecado e encerra em si mesmo toda a maldição que antes estava sobre nós. (Rm 8.1)


17 – Entendemos que a natureza criada participa das dores, angústias e conseqüências da queda do homem, e que aguarda com ardente expectativa a manifestação dos filhos de Deus. O que não significa que nós, cristãos, tenhamos que ser negligentes com a natureza e o meio-ambiente, uma vez que Deus não apenas criou tudo, mas também “viu que era bom" (Rm 8.19-23; Gn 1.31)


18 – Reconhecemos a suficiência e plenitude da graça de Cristo, não necessitando assim, de

quaisquer sacrifícios ou barganhas para se alcançar a salvação e favores de Deus. (Ef 2.8-9)


19 – Reconhecemos também a suficiência da graça em TODOS os aspectos da vida cristã, dizendo com isso que não há nada que possamos fazer para “merecermos” a atenção de Deus. (Rm 3.23; 2 Co 12.9)


20 – Que nossos cultos sejam mais revestidos de elementos de nossa cultura. Que a brasilidade latente em nossas veias também sirva como elemento de adoração e liturgia ao nosso Deus.

(1 Co 7.20)


21 – Que entendamos que vivemos num “país tropical, abençoado por Deus, e bonito por natureza”. Portanto, que não seja mais “obrigatório” aos pastores e líderes o uso de trajes mais adequados ao clima frio ou extremamente formais. Que celebremos nossa tropicalidade com graça e alegria diante de Deus e dos homens. (1 Co 9.19-23)


22 – Que nossa liturgia seja leve, alegre, espontânea, vibrante, como é o povo brasileiro. Que haja brilho nos olhos daqueles que se reúnem para adorar e ouvir da Palavra e que Deus se alegre de nosso modo brasileiro de cultuá-LO. (Salmo 100)


23 – Que as igrejas entendam que Deus pode ser adorado em qualquer ritmo, e que a igreja brasileira seja despertada para a riqueza dos vários sons e ritmos brasileiros e entenda que Deus pode ser louvado através de um baião, xote, milonga, frevo, samba, etc... Da mesma forma, rejeitamos o preconceito, na verdade um racismo velado, contra instrumentos e danças de origem africana, como se estes, por si só, fossem intrinsecamente ligados a alguma forma de feitiçaria. (Sl 150)


24 – Que retornemos ao princípio bíblico, vivido pela igreja chamada primitiva, de que “ninguém considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era comum.” (At 4.32)


25 – Que não condenemos nenhum irmão por ter caído em pecado, ou por seu passado. Antes, seguindo a Palavra, corrijamos a ovelha ferida com espírito de brandura, guardando-nos para que não sejamos também tentados. O que não significa, por outro lado, conivência com o pecado praticado de forma contumaz .(Gl 6.1; 1 Co 5)


26 – Que ninguém seja culpado por duvidar de algo. Que haja espaço em nosso meio para dúvidas e questionamentos. Que ninguém seja recriminado por “falta de fé”. Que haja maturidade para acolher o fraco e sabedoria para ensiná-lo na Palavra. A fé vem pelo ouvir, e o ouvir da Palavra de Deus. (Rm 14.1; Rm 10.17)


27 – Que a igreja reconheça que são as portas do inferno que não prevalecerão contra ela e não a igreja que tem que se defender do “exército inimigo”. Que essa consciência nos leve à prática da fé e do amor, e que isso carregue consigo o avançar do Reino de Deus sobre a terra. (Mt 16.18)


28 – Cremos na plena ação do Espírito Santo, mas reconhecemos que em muitas situações e igrejas, há enganos em torno do ensino sobre dons e abusos em suas manifestações. (Hb 13.8; 1 Co 12.1)


29 – Que nossas estatísticas sejam mais realistas e não utilizadas para, mentindo, “disputarmos” quais são as maiores igrejas; o Reino é bem maior que essas futilidades. (Lc 22.24-26)


30 – Que os neófitos sejam tratados com carinho, ensinados no caminho, e não expostos aos púlpitos e à “fama” antes de estarem amadurecidos na fé, para que não se ensoberbeçam e caiam nas ciladas do diabo. (1 Tm 3.6)


31 – Que saibamos valorizar a nossa história, certos de que homens e mulheres deram suas vidas para que o Evangelho chegasse até nós. (Hb 12.1-2)


32 – Que sejamos conhecidos não por nossas roupas ou por nossos jargões lingüísticos, mas por nossa ética e amor para com todos os homens, refletindo assim, a luz de Cristo para todos os povos. (Mt 5.16)


33 – Que arda sempre em nosso peito o desejo de ver Cristo conhecido em todas as culturas, raças, tribos, línguas e nações. Que missões seja algo sempre inerente ao próprio ser do cristão, obedecendo assim à grande comissão que Jesus nos outorgou. (Mt 28.18-20)


34 – Reconhecemos que muitas igrejas chamam de pecado aquilo que a Bíblia nunca chamou de pecado. (Lc 11.46)


35 – A participação de cristãos e pastores em entidades e sociedades secretas é perniciosa e degradante para a simplicidade e pureza do evangelho. Não entendemos como líderes que dizem servir ao Deus vivo sujeitam-se à juramentos que vão de encontro à Palavra de Deus, colocando-se em comunhão espiritual com não cristãos declarando-se irmãos, aceitando outros deuses como verdadeiros. (Lv 5.4-6,10; Ef 5.11-12; 2 Co 6.14)


36 – Rejeitamos a idéia do messianismo político, que afirma que o Brasil só será transformado quando um “justo” (que na linguagem das igrejas significa um membro de igreja evangélica) dominar sobre esta terra. O papel de transformação da sociedade, pelos princípios cristãos, cabe à Igreja e não ao Estado. O Reino de Deus não é deste mundo, e lamentamos a manipulação e ambição de alguns líderes evangélicos pelo poder terreal. (Jo 18.36)


37 – Que os púlpitos não sejam transformados em palanques eleitorais em épocas de eleição. Que nenhum pastor induza o seu rebanho a votar neste ou naquele candidato por ser de sua preferência ou interesse pessoal. Que haja liberdade de pensamento e ideologia política entre o rebanho. (Gl 1.10)


38 – Que as igrejas recusem ajuda financeira ou estrutural de políticos em épocas de campanha política a fim de zelarem pela coerência e liberdade do Evangelho. (Ez 13.19)


39 – Que os membros das igrejas cobrem esta atitude honrada de seus líderes. Caso contrário, rejeitem a recomendação perniciosa de sua liderança. (Gl 2.11)


40 – Negamos, veementemente, no âmbito político, qualquer entidade que se diga porta-voz dos evangélicos. Nós, cristãos evangélicos, somos livres em nossas ideologias políticas, não tendo nenhuma obrigação com qualquer partido político ou organização que se passe por nossos representantes. (Mt 22.21)


41 – O versículo bíblico “Feliz a nação cujo Deus é o Senhor” não deve ser interpretado sob olhares políticos como “Feliz a nação cujo presidente é evangélico” e nem utilizado para favorecer candidatos que se arroguem como cristãos. (Sl 144.15)


42 – Repugnamos veementemente os chamados “showmícios” com artistas evangélicos. Entendemos ser uma afronta ao verdadeiro sentido do louvor a participação desses músicos entoando hinos de “louvor a Deus” para angariarem votos para seus candidatos. (Ex 20.7)


43 – Cremos que o Reino também se manifesta na Igreja, mas é maior que ela. Deus não está preso às paredes de uma religião. O Espírito de Deus tem total liberdade para se manifestar onde quiser, independente de nossas vontades. (At 7.48-49)


44 – Nenhum pastor, bispo ou apóstolo (ou qualquer denominação que se dê ao líder da igreja local) é inquestionável. Tudo deve ser conferido conforme as Escrituras. Nenhum homem possui a “patente” de Deus para as suas próprias palavras. Portanto, estamos livres para, com base nas Escrituras, questionarmos qualquer palavra que não esteja de acordo com as mesmas. (At 17.11)


45 – Ninguém deve ser julgado por sua roupa, maquiagem ou estilo. As opiniões pessoais de pastores e líderes quanto ao vestuário e estilo pessoal não devem ser tomadas como Palavras de Deus e são passíveis de questionamentos. Mas que essa liberdade pessoal seja exercida como servos de Cristo, com sabedoria e equilíbrio. (Rm 14.22)


46 – Que nenhum pastor, bispo ou apóstolo se utilize do versículo bíblico “não toqueis no meu ungido”, retirando-o do contexto, para tornarem-se inquestionáveis e isentos de responsabilidade por aquilo que falam e fazem no comando de suas igrejas. (Ez 34.2; 1 Cr 16.22)


47 – Que ninguém seja ameaçado por seus líderes de “perder a salvação” por questionarem seus métodos, palavras e interpretações. Que essas pessoas descansem na graça de Deus, cientes de que, uma vez salvas pela graça estão guardadas sob a égide do sangue do cordeiro, de cujas mãos, conforme Ele mesmo nos afirma, nenhuma ovelha escapará. (Jo 10.28-29)


48 – Que estejamos cada vez mais certos de que Deus não habita em templos feitos por mãos de homens. Que a febre de erguermos “palácios” para Deus dê lugar à simplicidade e humildade do bebê que nasce na manjedoura, e nem por isso, deixa de ser Rei do Universo. (At 7.48-50)


49 – Que nenhum movimento, modelo, ou “pacote” eclesiástico seja aceito como o ÚNICO vindo de Deus, e nem recebido como a “solução” para o crescimento da igreja. Cremos que é Deus quem dá o crescimento natural a uma igreja que se coloca sob Sua Palavra e autoridade. (At 2.47; 1 Co 3.6)


50 – Que nenhum grupo religioso julgue-se superior a outro pelo NÚMERO de pessoas que aderem ao seu “mover”. Nem sempre crescimento numérico representa crescimento sadio.

(Gl 6.3)


51 – Que a idolatria evangélica para com pastores, apóstolos, bispos, cantores, seja banida de nosso meio como um câncer é extirpado para haver cura do corpo. Que a existência de fã-clubes e a “tietagem” evangélica sejam vistos como uma afronta e como tentativa de se dividir a glória de Deus com outras pessoas. (Is 42.8; At 10.25-26)


52 – Reafirmamos que o véu, que fazia separação entre o povo e o lugar santo, foi rasgado de alto a baixo quando da morte de Cristo. TODO cristão tem livre acesso a Deus pelo sangue de Cristo, não necessitando da mediação de quem quer que seja. (Hb 4.16; 2 Tm 2.15)


53 – Que os pastores, bispos e apóstolos arrependam-se de utilizarem-se de argumentos fúteis para justificarem suas vidas regaladas. Carro importado do ano, casa nova e prosperidade financeira não devem servir de parâmetros para saber se um ministério é ou não abençoado. Que todos nós aprendamos mais da simplicidade de Cristo. (Mt 8.20)


54 – Não reconhecemos a autoridade de bispos, apóstolos e líderes que profetizam a respeito de datas para a volta de Cristo. Ninguém tem autoridade para falar, em nome de Deus, sobre este assunto. (Mc 13.32)


55 – “O profeta que tiver um sonho, conte-o como sonho. Mas aquele a quem for dado a Palavra de Deus, que pregue a Palavra de Deus.” Que sejamos sábios para não misturar as coisas. E as profecias, ainda que não devam ser desprezadas, devem ser julgadas, retendo o que é bom e descartando toda forma de mal. (Jr 23.28; 1 Ts 5.20-22)


56 – Que o ministério pastoral seja reconhecidamente um dom, e não um título a ser perseguido. Que aqueles que exercem o ministério, sejam homens ou mulheres, o exerçam segundo suas forças, com todo o seu coração e entendimento, buscando sempre servir a Deus e aos homens, sendo realmente ministros de Deus. (1 Tm 3.1; Rm 12.7)


57 – Que os cânticos e hinos sejam mais centralizados na pessoa de Deus no que na primeira pessoa do singular (EU). (Jo 3.30)


58 – Que ninguém seja obrigado a levantar as mãos, fechar os olhos, dizer alguma coisa para o irmão do lado, pular, dançar... mas que haja liberdade no louvor tanto para fazer essas coisas como para não fazer. E que ninguém seja julgado por isso. (2 Co 3.17)


59 – Que as nossas crianças vivam como crianças e não sejam obrigadas a se tornarem como nós, adultos, violentando a sua infância e fazendo com que se tornem “estrelas” do evangelho ou mesmo “produtos” a serem utilizados por aduladores e pastores que visam, antes de tudo, lotarem seus templos com “atrações” curiosas, como “a menor pregadora do mundo”, etc... (Lc 18.16; 1 Tm 3.6)


60 – Que as “Marchas para Jesus” sejam realmente para Jesus, e não para promover igrejas que estão sob suspeita e líderes questionáveis. Muito menos para promover políticos e aproveitadores desses mega-eventos evangélicos. (1 Co 10.31)


61 – Nenhuma igreja ou instituição se julgue detentora da salvação. Cristo está acima de toda religião e de toda instituição religiosa. O Espírito é livre e sopra onde quer. Até mesmo fora dos arraiais “cristãos”. (At 4.12; Jo 3.8)


62 – Que as livrarias ditas “cristãs” sejam realmente cristãs e não ajudem a proliferar literaturas que deturpam a palavra de Deus e que valorizam mais a experiência de algumas pessoas do que o verdadeiro ensino da Palavra. (Mq 3.11; Gl 1.8-9)


63 – Cremos que “declarações mágicas” como “O Brasil é do Senhor Jesus” e outras equivalentes não surtem efeito algum nas regiões celestiais e servem como fator alienante e fuga das responsabilidades sociais e evangelísticas realmente eficazes na propagação do Evangelho. (Tg 2.15-16)


64 – Consideramos uma afronta ao Evangelho as novas unções como “unção dos 4 seres viventes”, “unção do riso”, etc... pois além de não possuírem NENHUM respaldo bíblico ainda expõem as pessoas a situações degradantes e constrangedoras. (2 Tm 4.1-4)


65 – Cremos, firmemente, que todo cristão genuíno, nascido de novo, já possui a unção que vem de Deus, não necessitando de “novas unções”. (1 Jo 2.20,27)


66 – Lamentamos a transformação do culto público a Deus em momentos de puro entretenimento “gospel”, com a presença de animadores de auditório e pastores que, vazios da Palavra, enchem o povo de bobagens e frases de efeito que nada tem a ver com a simplicidade e profundidade do Evangelho de Cristo. (Rm 12.1-2)


67 – É necessário uma leitura equilibrada do livro de Cantares de Salomão. A poesia, muitas vezes erótica e sensual do livro tem sido de forma abusiva e descontextualizada atribuída a Cristo e à igreja. (Ct 1.1)


68 – Não consideramos qualquer instrumento, seja de que origem for, mais santo que outros. Instrumentos judaicos, como o shophar, não têm poderes sobrenaturais e nem são os instrumentos “preferidos” de Deus. Muitas igrejas têm feito do shophar “O” instrumento, dizendo que é ordem de Deus que se toque o shophar para convocar o povo à guerra. Repugnamos essa idéia e reafirmamos a soberania de Deus sobre todos os instrumentos musicais. (Sl 150)


69 – Rejeitamos a idéia de que Deus tem levantado o Brasil como o novo “Israel” para abençoar todos os povos. Essa idéia surge de mentes centralizadoras e corações desejosos de serem o centro da voz de Deus na Terra. O SENHOR reina sobre toda a Terra e ama a todos os povos com Seu grande amor incondicional. (Jo 3.16)


70 – Lamentamos o estímulo e o uso de “amuletos” cristãos como “água do rio Jordão”, “areia de Israel” e outros que transformam a fé cristã numa fé animista e necessitada de “catalisadores” do poder de Deus. (Hb 11.1)


71 – Que o profeta que “profetizar” algo e isso não se cumprir, seja reconhecido como falso profeta, segundo as Escrituras. (Ez 13.9; Dt 18.22)


72 – Rejeitamos as músicas que consistem de repetições infindáveis, a fim de levar o povo ao êxtase induzido, fragilizando a mente de receber a Palavra e prestar a Deus culto racional, conforme as Escrituras. (Rm 12.1-2; 1 Co 14.15)


73 – Deixemos de lado a busca desenfreada de títulos e funções do Antigo Testamento, como levitas, gaditas, etc... Tudo se fez novo em Cristo Jesus, onde TODOS nós fomos feitos geração eleita, sacerdócio real, nação santa e povo adquirido. Da mesma forma, rejeitamos a sacralização da cultura judaica, como se esta fosse mais santa que a brasileira ou do que qualquer outra. Que então os ministros e dirigentes de música sejam simplesmente ministros e dirigentes de música, exercendo talentos e dons que Deus livremente distribuiu em Sua igreja, não criando uma “classe superior” de “levitas”, até porque os mesmos já não existem entre nós. (Rm 12.3-5; 1 Pe 2.9)


74 – Que se entenda que tijolos são apenas tijolos, paredes são apenas paredes e prédios são apenas prédios. Que os termos "Casa do Senhor" e "Templo" sejam utilizados somente para fazer menção a pessoas, e nunca a lugares. Que nossos palcos não sejam erroneamente chamados de "altares", uma vez que deles não emana nenhum "poder" ou "unção" especial.

(At 17:24, I Cor 6-19)


75 – Que haja consciência sobre aquilo que se canta. Que sejamos fiéis à Palavra quando diz “cantarei com o meu espírito, mas também cantarei com meu entendimento”. (1 Co 14.15)


76 – Não consideramos que “há poder em nossas palavras” como querem os adeptos dessa teologia da “confissão positiva”. Deus não está sujeito ao que falamos e não serão nossas palavras capazes de trazer maldição ou benção sobre quem quer que seja, se essa não for, antes de tudo, a vontade expressa de Deus através de nossas bocas. (Gl 1.6-7)


77 – Rejeitamos a onda de “atos proféticos” que, sem base e autoridade nas Escrituras, confundem e desvirtuam o sentido da Palavra, ainda comprometendo seriamente a sanidade e a coerência das pessoas envolvidas. (Mt 7.22-23)


78 - Apresentar uma noiva pura e gloriosa, adequadamente vestida para o seu noivo, não consiste em “restaurar a adoração” ou apresentar a Deus uma falsa santidade, mas em fazer as obras que Jesus fez — cuidar dos enfermos e quebrantados de coração, pregar o evangelho aos humildes, e viver a cada respirar a vontade de Deus revelada na Sua palavra — deixando para trás o pecado, deixando para trás o velho homem, e nos revestindo no novo (Tg 1.27)


79 – Discordamos dos “restauradores das coisas perdidas” por não perceberem a mão de Deus na história, sempre mantendo um remanescente fiel à Palavra e ao Testemunho. Dizer que Deus está “restaurando a adoração”, “restaurando o ministério profético”, etc... é desprezar o sangue dos mártires, o testemunho dos fiéis e a adoração prestada a Deus durante todos esses séculos. (Hb 12.1-2)


80 – Lamentamos a transformação da fé cristã em shows e mega-eventos que somos obrigados a assistir nas TVs, onde a figura humana e as ênfases nos “milagres” e produtos da fé sobrepujam as Escrituras e a pregação sadia da Palavra de Deus. (Jo 3.30)


81 – Deus não nos chamou para sermos “leões que rugem”, mas fomos considerados como ovelhas levadas ao matadouro, por amor a Deus. Mas ainda assim, somos mais que vencedores por Aquele que nos amou. (Lc 10.3; Rm 8.36)


82 – Entendemos como abusivas as cobranças de “cachês” para “testemunhos”. Que fique bem claro que aquilo que é recebido de graça, deve ser dado de graça, pois nos cabe a obrigação de pregar o evangelho. (Mt 10.8)


83 – Que movimentos como “dança profética”, “louvor profético” e outros “moveres proféticos” sejam analisados sinceramente segundo as Escrituras e, por conseqüência, deixados de lado pelo povo que se chama pelo nome do Senhor. (2 Tm 4.3-4)


84 – Que a cruz de Cristo, e não o seu trono, seja o centro de nossa pregação! (1 Co 2.2)


85 – Reafirmamos que, quaisquer que sejam as ofertas e dízimos, que sejam entregues por pura gratidão, e com alegria. Que nunca sejam dados por obrigação e nem entregues como troca de bênçãos para com Deus. Muito menos sejam dados como fruto do medo do castigo de Deus ou de seus líderes. Deus ama ao que dá com alegria! (2 Co 9.7)


86 – Que a igreja volte-se para os problemas sociais à sua volta, reconheça sua passividade e volte à prática das boas obras, não como fator para a salvação, mas como reflexo da graça que se manifesta de forma visível e encarnada. “Pois tive fome... e me destes de comer...”

(Mt 25.31-46; Tg 2.14-18; Tg 1.27)


87 – Cremos, conforme a Palavra que há UM SÓ MEDIADOR entre Deus e os homens – Jesus Cristo. Nenhuma igreja local, ou seu líder, podem arrogar para si o direito de mediar a comunhão dos homens e Deus. (1 Tm 2.5)


88 – Lamentamos o comércio que em que se transformou a música evangélica brasileira. Infelizmente impera, por exemplo, a “máfia” das rádios evangélicas, que só tocam os artistas de suas respectivas gravadoras, alienam o nosso povo através da massificação dos “louvores” comerciais, e não dão espaço para tanta gente boa que há em nosso meio, com compromisso de qualidade musical e conteúdo poético, lingüístico e, principalmente, bíblico. (Mc 11.15-17)


89 – Que os pastores ajudem a diminuir a indústria de testemunhos e a “máfia” das gravadoras evangélicas. Que valorizem a simples pregação da Palavra ao invés do espetáculo “gospel” a fim de terem igrejas “lotadas” para ouvirem as “atrações” da fé. Da mesma forma, rejeitamos o triunfalismo e o ufanismo no qual se transformou a música evangélica atual, que só fala em 'vitória', 'poder' e 'unção' mas se esqueceu de coisas muito mais fundamentais como 'graça', 'misericórdia' e 'perdão'. (1 Pe 5.2)


90 – Que sejamos livres para “examinarmos tudo e retermos o que é bom” , sem que líderes manipuladores tentem impor seus preconceitos, principalmente na forma de intimidações. Que nenhum líder use o jargão "Deus me falou" como forma de amedrontar qualquer um que ousar questionar suas idéias. (1 Ts 5.21)


91 – Somente as Escrituras. (Jo 14.21;17.17)


92 – Somente a Graça. (Ef 2.8-9)


93 – Somente a Fé. (Rm 1.17)


94 – Somente Cristo. (At 17.28)


95 – Glória somente a Deus (Jd 24-25)



José Barbosa Junior (redator e organizador) – www.crerepensar.com.br

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Seja marginal, seja herói !



Chamar alguém de marginal nos dias de hoje tem uma forte conotação pejorativa, mas nem sempre foi assim. Quando o termo começou a ser utilizado na literatura social, o marginal era visto de forma positiva.


Robert Park, por exemplo, que tinha grande interesse em contatos e conflitos culturais, acreditava que “é na mente do homem marginal – onde têm lugar as mudanças e as fusões da cultura – que melhor podemos estudar o processo da civilização e do progresso”. Isso foi em 1928. Antes disso, Georg Simmel já havia dito, em O estranho, que o marginal encontra-se numa posição especial de objetividade e abertura, que lhe aguça as percepções e a criatividade.


Como ocorre no braço de um rio, estar à margem é estar distante da parte mais profunda, ou seja, estar menos suscetível à ação da correnteza, num local onde você tem onde se segurar e não ser levado pelo fluxo das doutrinas e das idéias pré-moldadas. Ser marginal, portanto, é não rezar a cartilha do conformismo e ter mais autonomia individual em relação ao que se pensa, faz e acredita.


Hoje, o termo marginal está associado ao que se convencionou (erroneamente, claro) chamar de bandido. No mesmo diapasão, criticar e contestar os padrões sociais, religiosos ou políticos só faz de você um marginal se for pobre; se tiver um pouco de grana, provavelmente irão te chamar de “alternativo”.

domingo, 4 de maio de 2008

Estou Decepcionado com Jesus!




Depois de anos de convertido, depois de ter lido a Bíblia algumas vezes, e principalmente depois de ter lido várias e várias vezes o Novo Testamento, cheguei à conclusão de que fui iludido esse tempo todo por um líder que não sabia o que estava fazendo.


Como poderia alguém que se dizia Filho de Deus não discernir as coisas espirituais e ensinar tantas coisas erradas? Como poderia ele, que se dizia o Messias, não conhecer profundamente o coração do Deus que ele disse que o enviou? Como poderia aquele que disse que enviaria o outro Consolador desconhecer as suas próprias revelações?


Jesus Não sabia de nada


Jesus ensinou que o Reino de Deus era semelhante ao grão de mostarda, simples, pequeno, sem ambições de poder. Que cresceria não para que a árvore se gloriasse, mas para dar ninho aos pássaros, para acolher o ferido, para dar lugar ao que sofre.


Ignorante! Não sabia que “somos cabeça, e não cauda”. Na sabia que a glória da segunda casa (e da terceira, da quarta, da quinta, são tantas casas!!!) seria bem maior do que a primeira. Como ele não sabia que sofrimento não tem lugar no reino de Deus? Será que ele não sabia que quando houvesse tristezas era somente necessário “declararmos” nossa posição em Cristo, e “tomarmos posse” de nossos lugares celestiais, voando acima das tempestades? E ainda teve a coragem de dizer que, no mundo, teríamos aflições... não sabia de nada esse tal de Jesus!!!


Jesus também ensinou aos seus discípulos, pobres rapazes que deixaram tudo para o seguirem, que eles teriam que ir pelo mundo, pregando o evangelho, ensinando a todos.


Coitado! Não sabia que para conquistarmos os territórios para Deus, em primeiro lugar temos que realizar atos proféticos. Não sabia que precisamos entrar em “batalha espiritual”, desarmando o chefe daquele território, e ungir os lugares, desfazendo assim toda maldição. A coisa era bem mais fácil de ser feita, e ele insistiu na idéia louca da pregação pura e simples do seu amor! Que coisa!!! Nada se conquista mais por amor... estamos em guerra, temos que destronar Satanás e seus demônios através de jejuns fortes, decretos (até mesmo leis humanas) desautorizando a ação do diabo e seus anjos naqueles lugares.


Jesus não sabia que havia um princípio de legalidade, onde Satanás manteria o domínio da pessoa mesmo depois dela ter se encontrado com o Nazareno.


Pobre Jesus! Ensinou que se alguém cresse nele, VERDADEIRAMENTE seria livre. Enganou as pessoas ao fazê-las crer que simplesmente a fé em seu sacrifício seria suficiente para a salvação. Ele não sabia que precisávamos de sessões de regressão e renúncia de pecados passados... achava que a cruz bastaria.


Por fim, enganou a si mesmo, quando ao ser crucificado bradou em alta voz: “Está Consumado!


”Quanto engano! Jesus não sabia que nada estava consumado, que sua obra era insuficiente. Não sabia que seriam necessárias sessões e mais sessões de libertação para as pessoas, mesmo depois de terem crido nele, e terem sido salvas. Nada estava consumado. Nada se encerrava ali. Muito menos a salvação. Não seríamos resgatados do Império das Trevas para o Seu Reino, isso era ilusão. Ficaríamos com ele sim, assim de “meia-boca”, mas ainda cativo ao diabo, poderoso onipotente, esse sim cheio de toda a autoridade e força, pois nem o sacrifício do Cordeiro de Deus foi suficiente para quebrar-lhe o poder, é só vermos o famoso caso do "devorador", só o dízimo que repreende, Jesus não tem poder sobre ele...



Vocês sabem, não é isso o que penso... mas é o que infelizmente, o povo que diz seguir a Jesus, tem ensinado por aí...


Viver não cansa.

Viver não cansa, o que fatiga são as perguntas imbecis de quem não quer ter opinião própria, os comentários emburrecedores de quem não gosta de pensar, as lógicas dos religiosos que adoram encabrestar e serem encabrestados.

Viver não cansa, o que exaure é precisar debater com quem só lê a ‘Veja’; é ter que ouvir a opinião de quem adora o Diogo Mainardi; é ter que debater com quem aprendeu toda a Verdade com o Max Lucado e se acha apto para converter o mundo islâmico.

Viver não cansa, o que desespera é ter que calar diante das vaidades maquiadas como piedade; é ter que respeitar os narcisismos travestidos de desprendimento; é ter que fazer vista grossa diante dos escroques de colarinho clerical: “porque eles também podem estar ganhando almas e despovoando o inferno”.

Viver não cansa, o que chateia é ter que explicar para fariseus de plantão que beber um cálice de vinho não significa automática embriaguez, que dançar a valsa na formatura da filha não é pactuar com o mundo; é ter que arrazoar com analfabetos funcionais para mostrar-lhes que não existe diferença entre música cristã e do mundo (Só existe música boa ou ruim!).

Viver não cansa, o que amarga é ter que ficar calado diante dos maiores descalabros éticos, “porque a igreja ‘X’ está crescendo e o que importa são os resultados”; é ter que assistir a um monte de gente se esforçando para jogar a dignidade do Evangelho pelo ralo e precisar engolir seco porque: “aquela igreja 'X' é como um hospital de emergência onde as pessoas se convertem, mas depois procuram as igrejas sérias”.

Viver não cansa, o que horroriza é conseguir detectar as agendas escondidas dos Benny Hinns da vida, a volúpia por poder dos que vivem das politicagens denominacionais, os cinismos teológicos dos evangelistas triunfalistas e ainda assim precisar explicar-se porque não participa de eventos, de marchas e de conferências ao lado deles: “já que o Corpo de Cristo não pode se dividir”.

Viver não cansa, o que exaure é ver as igrejas lotadas de incautos em busca de um Mega Milagre porque: “ao fazerem a sua parte, Deus ficará obrigado a fazer a dele”; é saber que cada campanha de oração que “vai destrancar os cadeados do céu”, na verdade, foi projetada para arrancar mais dinheiro dos simples; é notar que muitos nas elites religiosas não diferem em nada dos políticos que só sabem defender seus interesses.

Viver não cansa, o que debilita é ter que lidar com a fofoca de quem não tem brilho próprio; é ter que admitir que vários fazem do sacerdócio um jeito de progredir com um esforço mínimo; é saber que a indústria da “música gospel” fatura em cima da vaidade de cantores que jamais dariam certo fora das igrejas e que, para compensar a falta de talento, vivem a fazer biquinhos, vertendo lágrimas forçadas.

Viver não cansa, realmente, não cansa.

Faz bem à alma lidar com jovens grávidos de sonhos, com mulheres íntegras, que não medem esforços para acolher os esquecidos e com anciãos que destilam uma sabedoria acumulada pela experiência.

Os poetas com suas intuições, os músicos com suas percepções, os professores com sua erudição, os pastores com sua dedicação, continuam a encantar.

Os atletas com sua disciplina, os profetas com sua veemência, os missionários com sua coragem, são um bálsamo que cura as feridas da desesperança.

Viver é tão bom que dá ganas de continuar, continuar...


Ricardo Gondim
Soli Deo Gloria.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

"A igreja é uma prostituta, mas ela também é minha mãe".

Santo Agostinho


"A igreja é como a Arca de Noé. Ela fede, mas se você sair dela, você irá se afogar".

Nós somos a igreja.

Shane Claiborne, em The Irresistible Revolution.


“Apesar de toda podreira que vemos hoje na Igreja, foi ela a responsável em nos dar a luz através da Graça de Divina já existente em nós foi nela que aprendemos o suficiente pra questionarmos as ações da própria...”

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Porque eu nunca me converteria (Ricardo Gondim)


“Pois que vantagem há em suportar açoites recebidos por terem cometido o mal? Mas se vocês suportam o sofrimento por terem feito o bem, isso é louvável diante de Deus”.



Alguns de nós se fôssemos a certas e determinadas igrejas, jamais nos converteríamos ao Cristianismo, porque em algumas igrejas - seja ela evangélica ou católica - há um desprezo ao pensar e alguns de nós sentimos a necessidade de saber o porquê das coisas e rejeitamos a idéia de que alguma coisa seja empurrada “goela abaixo” sem que tenhamos a oportunidade de argumentar. Muitos de nós não nos converteríamos jamais em uma igreja que diz: “Creia porque estou lhe dizendo, não queira saber de nada, somente aceite”. Um lugar onde se exige uma obediência cega, onde você não pode questionar, onde o senso crítico e o bom senso são calados. Se você foi a uma dessas igrejas e não se converteu, parabéns, eu também não me converteria, você tem toda razão de reagir como reagiu.


Uma igreja que possui um debate muito pequeno, voltado para questiúnculas, ênfases sem valor, questões medíocres, se mulher deve usar cabelo comprido ou curto, se pode esmalte vermelho ou azul ou de cor nenhuma, a questão é que o mundo não está e não ficará pendente por causa disso, muito menos Jesus morreu na Cruz e os mártires da igreja adubaram o solo de Roma com sangue para que nos dias de hoje tenhamos em pauta questões como essas. Muitos de nós também não nos converteríamos por não tolerar ambientes piegas, de frases prontas, onde se diz, por exemplo: “Se você está feliz, diga Amém.


- Todos a uma só voz: Amém.


- Não ouvi direito, diga novamente.


- Todos, agora mais alto e pausado: Amém.


- Agora sim vocês estão felizes”.


Ora, se você está feliz, você está feliz, mas se está triste, está triste, não existe erro nenhum em estar triste, não deve haver manipulação, “forçaçao de barra”.


Ou então ambientes que são muito simplistas, o sujeito tem um problema e tenta-se resolver o problema dele com uma resposta simplista, com um jargão que se aprende, do tipo: “Está amarrado em nome de Jesus!”.


Embora o Evangelho em si seja simples, não é simplista.


Depois de tudo isso, acredito que você tem uma pergunta, e a sua pergunta é: “Então porque “cargas d’água” você se converteu?”


A resposta para a sua pergunta encontra-se no versículo bíblico introdutório (I Pe 2:20)


Existe sim uma linha divisória entre Cristianismo e prática religiosa, seja ela qual for.


Em primeiro lugar, eu me converti porque a mensagem do Evangelho que me apresentaram era racional e lógica o suficiente para satisfazer o meu intelecto, mas também era poderosa o suficiente para impactar de tal forma a minha vida. Uma mensagem que me deu a resposta a algumas perguntas que todos os seres humanos fazem, independente da nacionalidade e do grau de cultura, perguntas do tipo: “Quem é Deus? De onde veio a maldade? O que é a vida? Para onde vou, porque estou aqui?”


São perguntas que carregamos conosco e estamos buscando respostas para elas. Eu me converti ao Evangelho de Jesus Cristo porque ninguém tem melhores respostas a essas perguntas do que esta mensagem.


Quem sou eu?


Charles Darwin tentou explicar através da teoria da evolução, que dizia que somos descendentes dos macacos, para a filosofia naturalista e cientista, é apenas um acidente cósmico, para o sistema oriental hindu e budista somos meras partículas de um deus etéreo, uma concepção panteísta, para o sistema espírita kardecista somos espíritos aprisionados em corpos cumprindo a nossa lei do karma, mas para os cristãos a resposta é contundente, bonita e nobre, somos a imagem de um Deus que com amor, meticulosamente nos projetou no seu próprio coração.


Porque existe a maldade?


Não há resposta mais contundente e racional do que a do Cristianismo. Por que existem tantos estupros? Por que existe tanto tráfico de drogas? Por que as clínicas psiquiátricas estão abarrotadas de pessoas devastadas pela malignidade da civilização?


No conceito oriental o mal e o bem se fundem numa só coisa, no conceito espírita o mal é uma questão de aperfeiçoamento, no conceito cristão o mal e mais do que tudo isso, é uma decorrência de estarmos distantes de um Deus pessoal,fonte de todo o tipo de bondade e benignidade, a bondade existe no universo não como fonte de um acidente, mas como fonte de um Deus que é eternamente bom e justo, e a nossa bondade vem à medida que estamos “plugados” nesse Deus, mas quando estamos desligados dele , somos passiveis de malignidade , e o resultado desse desligamento gera em nós a capacidade de nos tornarmos “monstros” de iniqüidades e essa monstruosidade vem da nossa independência de Deus.


E por último, ninguém conseguiu falar de Redenção de uma forma tão coerente, tão justa e tão intelectualmente lúcida do que essa Mensagem. “Porque Deus amou o ser humano de tal forma que deu ao sacrifício seu único Filho, Jesus Cristo, para que todo aquele que Nele – Jesus Cristo – crer e reconhecer o seu sacrifício na Cruz do Calvário seja Redimido e tenha a Vida Eterna”.


(João 3:16). Que Deus nos ajude.


Soli Deo Gloria.

quinta-feira, 27 de março de 2008

As Flores sobre as Correntes - Rubem Alves


"O sofrimento religioso é, ao mesmo tempo, expressão de um sofrimento real e protesto contra um sofrimento real. Suspiro da criatura oprimida, coração de um mundo sem coração, espírito de uma situação sem espírito: a religião é o ópio do povo".


(K. Marx)



Entramos num outro mundo. Durkheim contem­plou as tênues cores do mundo sacral que desapa­recia, como nuvens de crepúsculo que passam de rosa ao negro, sob as mudanças rápidas da luz que mergulha. Fascinado, empreendeu a busca das origens, do tempo perdido... E lá se foi atrás da religião mais simples e primitiva que se conhecia... Compreender com esperança. . .


Marx não habita o crepúsculo. Vive já em plena noite. Anda em meio aos escombros. Analisa a dissolução. Elabora a ciência do capital e faz o diagnóstico do seu fim. Nada tem a pregar e nem oferece conselhos. Não procura paraísos perdidos porque não acredita neles. Mas dirige o seu olhar para os horizontes futuros e espera a vinda de uma cidade santa, sociedade sem opri­midos e opressores, de liberdade, de transfigu­ração erótica do corpo...


Mas o solo em que pisa desconhece o mundo sacral, de normas morais e valores espirituais. Ele é secularizado do princípio ao fim e somente conhece a ética do lucro e o entusiasmo do capital e da posse. Não importa que os capitalistas frequentem templos e façam orações, nem que construam cidades sagradas ou sustentem movi­mentos missionários, nem ainda que haja água benta na inauguração das fábricas e celebrações de ações de graças pela prosperidade, e muito menos que missas sejam rezadas pela eterna sal­vação de suas almas... Este mundo ignora os elementos espirituais. Salários e preços não são estabelecidos nem pela religião e nem pela ética. A riqueza se constrói por meio de uma lógica duramente material: a lógica do lucro, que não conhece a compaixão. Na verdade, aqueles que têm compaixão se condenam a si mesmos à destruição... Não se pode negar que os gestos e as falas ainda se referem aos deuses e aos valores morais: maquilagem, incenso, desodorante, perfu­maria, uma aura sagrada que tudo envolve no seu perfume, sem que nada se altere. E Marx tem de insistir num procedimento rigorosamente materialista de análise. De fato, materialismo que é uma exigência do próprio sistema que só conhece o poder dos fatores materiais. É a lógica do lucro e da riqueza que assim estabelece — e não as inclinações pessoais daquele que a analisava.


Poucas pessoas sabem que o pensamento de Marx sobre a religião tomou forma e se desen­volveu em meio a uma luta política que travou. E a luta não foi nem com clérigos e nem com teólogos, mas com um grupo de filósofos que entendia que a religião era a grande culpada de todas as desgraças sociais de então, e desejava estabelecer um programa educativo com o obje-tivo de fazer com que as pessoas abandonassem as ilusões religiosas. Marx estava convencido de que a religião não tinha culpa alguma. E que não existia nada mais impossível que a elimi­nação de ideias, ainda que falsas, das cabeças dos homens. . . Porque as pessoas não têm certas ideias porque querem. E imagino que clérigos e religiosos poderão esfregar as mãos com prazer: "Finalmente descobrimos um Marx do nosso lado". Nada mais distante da verdade. A religião não era culpada pela simples razão de que ela não fazia diferença alguma. Como poderia um eunuco ser acusado de deflorar uma donzela? Como poderia a religião ser acusada de responsa­bilidade, se ela não passava de uma sombra, de um eco, de uma imagem invertida, projetada sobre a parede? Ela não era causa de coisa alguma. Um sintoma apenas. E, por isto mesmo, os filó­sofos que se apresentavam como perigosos revo­lucionários não passavam de réplicas de D. Quixote, investindo contra moinhos de vento.


Marx não desejava gastar energias com dragões de papel. Estava em busca das forças que realmente movem a sociedade. Porque era aí, e somente aí, que as batalhas deveriam ser travadas.


Que forças eram estas?


Os filósofos revolucionários a que nos refe­rimos, hegelianos de esquerda, desejavam que a sociedade passasse por transformações radicais. E eles entendiam que a ordem social era construí­da com uma argamassa em que as coisas materiais eram cimentadas umas nas outras por meio de ideias e formas de pensar. Assim, armas, máquinas, bancos, fábricas, terras se integravam por meio da religião, do direito, da filosofia, da teologia. . . A conclusão político-tática se segue necessaria­mente: se houver uma atividade capaz de dissolver ideias e modificar formas antigas de pensar, o edifício social inteiro começará a tremer. E foi assim que eles se decidiram a travar as batalhas revolucionárias no campo das ideias, usando como arma alguma coisa que naquele tempo se chamava crítica. Hoje, possivelmente, eles falariam de conscientização. E investiram contra a religião.


Marx se riu disto. Os hegelianos vêem as coisas de cabeça para baixo. Pensam que as ideias são as causas da vida social, quando elas nada mais são que efeitos, que aparecem depois que as coisas aconteceram. . . "Não é a consciência que determina a vida; é a vida que determina a cons­ciência." E ele afirmava:



"Até mesmo as concepções nebulosas que existem nos cérebros dos homens são necessa­riamente sublimadas do seu processo de vida, que é material, empiricamente observável e determinado por premissas materiais. A produção de ideias, de conceitos, da cons­ciência, está desde as suas origens diretamente entrelaçada com a atividade material e as rela­ções materiais dos homens, que são a linguagem da vida real. A produção das ideias dos homens, o pensamento, as suas relações espirituais aparecem, sob este ângulo, como uma ema­nação de sua condição material. A mesma coisa se pode dizer da produção espiritual de um povo, representada pela linguagem da política, das leis, da moral, da religião,da metafísica. Os homens são os produtores de suas concepções".



"É o homem que faz a religião; a religião não faz o homem".


É o fogo que faz a tumaça; a fumaça não faz o fogo.


E, da mesma forma como é inútil tentar apagar o fogo assoprando a fumaça, também é inútil tentar mudar as condições de vida pela crítica da religião. A consciência da fumaça nos remete ao incêndio de onde ela sai. De forma idêntica, a consciência da religião nos força a encarar as condições materiais que a produzem.


Quem é esse homem que produz a religião?


Ele é um corpo, corpo que tem de comer, corpo que necessita de roupa e habitação, corpo que se reproduz, corpo que tem de transformar a natureza, trabalhar, para sobreviver.


Mas o corpo não existe no ar. Não o encon­tramos de forma abstraia e universal. Vemos homens indissoluvelmente amarrados aos mundos onde se dá sua luta pela sobrevivência, e exibindo em seus corpos as marcas da natureza e as marcas das ferramentas. Os bóias-frias, os pescadores, os que lutam no campo, os que trabalham nas construções, os motoristas de ônibus, os que trabalham nas forjas e prensas, os que ensinam crianças e adultos a ler — cada um deles, de ma­neira específica, traz no seu corpo as marcas do seu trabalho. Marcas que se traduzem na comida que podem comer, nas enfermidades que podem sofrer, nas diversões a que podem se dar, nos anos que podem viver, e nos pensamentos com que podem sonhar — suas religiões e espe­ranças.


Marx também sonhava e imaginava. E muito embora haja alguns que o considerem importante em virtude da ciência económica que estabeleceu, desprezando como arroubos juvenis os voos de sua fantasia, coloco-me entre aqueles outros que invertem as coisas e se detêm especialmente nas fronteiras em que o seu pensamento invade os horizontes das utopias. E Marx se perguntava sobre um outro tipo de trabalho que daria prazer e felicidade aos homens, trabalho companheiro das criações dos artistas e do prazer não utili­tário do brinquedo e do jogo... Trabalho expres­são da liberdade, atividade espiritual criadora, construtor de um mundo em harmonia com a intenção... É claro que Marx nunca viu este sonho utópico realizado em sociedade alguma. Foi ele que o construiu a partir de pequenos fragmentos de experiência, trabalhados pela memória e pela esperança. Mas são estes hori­zontes utópicos que aguçam os olhos para que eles percebam os absurdos do "topos", o lugar que habitamos. E, ao contemplar o trabalho, o que ele descobriu foi alienação do princípio ao fim.


O que é alienação?


Alienar um bem: transferir para uma outra pessoa a posse de alguma coisa que me pertence. Tenho uma casa: posso doá-la ou vendê-la a um outro. Por este processo ela é alienada. A alie­nação, assim, não é algo que acontece na cabeça das pessoas. Trata-se de um processo objetivo, externo, de transferência, de uma pessoa a outra, de algo que pertencia à primeira.


Por que o trabalho é marcado pela alienação?


Voltemos por um instante ao trabalho não alienado, criador, livre, que Marx imaginou. Sua marca essencial está nisto: o homem deseja algo. Seu desejo provoca a imaginação que visualiza aquilo que é desejado, seja um jardim, uma sinfo­nia ou um simples brinquedo. A imaginação e o desejo informam o corpo, que se põe inteiro a trabalhar, por amor ao objeto que deve ser criado. E quando o trabalho termina o criador contempla sua obra, vê que é muito boa e des­cansa...


Que acontece com aquele que trabalha dentro das atuais condições?


Em primeiro lugar, ele tem de alienar o seu desejo. Seu desejo passa a ser o desejo de outro. Ele trabalha para outro.


Em segundo lugar, o objeto a ser produzido não é resultado de uma decisão sua. Ele não está gerando um filho seu. Na verdade, ele não está metido na produção de objeto algum porque com a divisão da produção numa série de atos especializados e independentes, ele é rebaixado da condição de construtor de coisas à condição de alguém que simplesmente aperta um parafuso, aperta um botão, dá uma martelada. Se se pergun­tar a um operário de uma fábrica de automóveis: "que é que você faz?", nenhum deles dirá "eu faço automóveis. Você já viu como são bonitos os carros que fabrico?". Eles não dirão que objetos produzem, mas que função especializada seus corpos fazem: "Sou torneiro. Sou ferramenteiro. Sou eletricista".


Em terceiro lugar, e em consequência do que já foi dito, o trabalho não é atividade que dá prazer, mas atividade que dá sofrimento. O homem trabalha porque não tem outro jeito. Trabalho forçado. Seu maior ideal: a aposentadoria. O prazer, ele irá encontrar fora do trabalho. E é por isto que ele se submete ao trabalho e ao pago do salário.


Em último lugar, o trabalho cria um mundo independente da vontade de operários... e capi­talistas. Porque também os capitalistas estão alienados. Eles não podem fazer o que desejam. Todo o seu comportamento é rigorosamente determinado pela lei do lucro. Não é difícil com­preender como isto acontece. Imaginemos que você, sabendo que o bom do capitalismo é ser capitalista, e dispondo de uma certa importância ajuntada na poupança, resolva dar voos mais altos e investir na bolsa de valores. Como é que você irá proceder? Você deverá consultar tabelas que o informem dos melhores investimentos. E que é que você vai encontrar nelas? Números, nada mais. Números indicam as possibilidades de lucro. Se as firmas em que você vai investir estão derrubando florestas e provocando devas­tações ecológicas, se elas prosperam pela produção de armas, se elas são injustas e cruéis com os seus empregados, tudo isto é absolutamente irrele­vante. Estabelecida a lógica do lucro, todas as coisas — da talidomida ao napalm — se transfor­mam em mercadorias, inclusive o operário. Este é o mundo secular, utilitário, que horrori­zava Durkheim. É o mundo capitalista, regido pela lógica do dinheiro. E o que ocorre é que o mundo estabelecido pela lógica do lucro — que inclui de devastações ecológicas até a guerra — está totalmente alienado, separado dos desejos das pessoas, que prefeririam talvez coisas mais simples. . . Assim, as áreas verdes são entregues à especulação imobiliária, os índios perdem suas terras porque gado é melhor para a economia que índio, as terras vão-se transformando em desertos de cana, enquanto que rios e mares viram caldos venenosos, e os peixes bóiam, mortos...


Mas que fatores levam os trabalhadores a aceitar tal situação? Por que trabalham de forma alie­nada? Por que não saem para outra?


Porque não há alternativas. Eles só possuem os seus corpos. Para produzir deverão acoplá-los às máquinas, aos meios de produção. Máquinas e meios de produção não são seus, e são gover­nados pela lógica do lucro. E é assim que o próprio conceito de alienação nos revela uma sociedade partida entre dois grupos, duas classes sociais. Duas maneiras totalmente diferentes de ser do corpo. Os trabalhadores são acoplados às máquinas e, por isto, têm de seguir o seu ritmo e fazer o que elas exigem. Isto deixará marcas nas mãos, na postura, no rosto, nos olhos, especialmente os olhos. . . Os corpos que habitam o mundo do lucro também têm suas marcas, que vão do colarinho branco (os americanos falam mesmo nos trabalhadores white collar), passando pêlos restaurantes que frequentam, as aventuras amo­rosas que têm, e as enfermidades cardiovasculares que os afligem...


E não é necessário pensar muito para compreen­der que os interesses destas duas classes não são harmónicos. Para Marx aqui se encontra a contra­dição máxima do capitalismo: o capitalismo cresce graças a uma condição que torna o confli­to entre trabalhadores e patrões inevitável. Marx nunca pregou luta de classes. Achava tal situação detestável. Apenas como um médico que faz um diagnóstico de um paciente enfermo, ele dizia: o desenlace é inevitável porque os órgãos estão em guerra... O problema não é de natureza moral nem de natureza psicológica. Não se resolve com boa vontade por parte dos operários e genero­sidade por parte dos patrões. Nenhum salário, por mais alto que seja, eliminará a alienação. Trata-se de uma lei, sob o ponto de vista de Marx, tão rigorosa quanto a lei da química que diz: comprimindo-se o volume de um gás a pressão aumenta; expandindo-se o volume, a pressão cai. E aqui poderíamos afirmar: "Salários compri­midos ao seu mínimo produzem milagres econó­micos expandidos ao seu máximo".


Isto é a realidade: homens trabalhando, em relações uns com os outros, sob condições que eles não escolheram, fazendo com seus corpos um mundo que não desejam.. . E é disto que surgem ecos, sonhos, gritos e gemidos, poemas, filosofias, utopias, critérios estéticos, leis, consti­tuições, religiões...


Sobre o fogo, a fumaça, sobre a realidade as vozes, sobre a infra-estrutura a superestrutura, sobre a vida a consciência...


Só que tudo aparece de cabeça para baixo, confuso. Diz Marx, lá em O Capital, que só vere­mos com clareza quando fizermos as coisas do princípio ao fim, de acordo com um plano previa­mente traçado. Mas quem faz as coisas do princípio ao fim? Quem compreende o plano eral? Os presidentes? Os planejadores? Os ministros? O FMI?


Compreende-se que o que as pessoas têm nor­malmente em suas cabeças não seja conhecimento, não seja ciência, mas pura ideologia, fumaças, secreções, reflexos de um mundo absurdo.


E é aqui que aparece a religião, em parte para iluminar os cantos escuros do conhecimento. Mas, pobre dela... Ela mesma não vê. Como pretende iluminar? Ilumina com ilusões que consolam os fracos e legitimações que conso­lidam os fortes.



"A religião é a teoria geral deste mundo, o seu compêndio enciclopédico, sua lógica em forma popular, sua solene completude, sua justificação moral, seu fundamento universal de consolo e legiti­mação."



De fato, quando o pobre/oprimido, das profun­dezas do seu sofrimento, balbucia: "É a vontade de Deus", cessam todas as razões, todos os argu­mentos, as injustiças se transformam em mistérios de desígnios insondáveis e a sua própria miséria, uma provação a ser suportada com paciência,na espera da salvação eterna de sua alma. E os poderosos usam as mesmas palavras sagradas e invocam os poderes da divindade como cúmplices da guerra e da rapina. E os habitantes ori­ginais deste continente e suas civilizações foram massacrados em nome da cruz, e a expansão colonial levou consigo para a África e a Ásia o Deus dos brancos, e constituições se escrevem invocando a vontade de Deus, e um represen­tante de Deus vai ao lado daquele que foi conde­nado a morrer... Nada se altera, nada se trans­forma, mas sobre todas as coisas dos homens se espalha o perfume do incenso...


Religião, "expressão de sofrimento real, protesto contra um sofrimento real, suspiro da criatura oprimida, coração de um mundo sem coração, espírito de uma situação sem espírito, ópio do povo".


E, desta forma, as palavras que brotam do sofrimento se transformam, elas mesmas, no bálsamo provisório para uma dor que ele é impo­tente para curar. E é por isto que é ópio, "felici­dade ilusória do povo", que deve ser abolida como condição de sua verdadeira felicidade. Mas o abandono das ilusões não se consegue por meio de uma atividade intelectual. As pessoas não podem ser convencidas a abandonar suas ideias religiosas. Ideias são ecos, fumaça, sinto­mas. . . Se elas têm tais ideias é porque a sua situação as exige. É necessário, então, que sua situação seja mudada, as fendas curadas, para que as ilusões desapareçam.



"A exigência de que se abandonem as ilusões sobre uma determinada situação, é a exigência de que se abandone uma situação que neces­sita de ilusões."



"A crítica arrancou as flores imaginárias da corrente não para que o homem viva acorren­tado sem fantasias ou consolo, mas para que ele quebre a corrente e colha a flor viva. A crítica da religião desilude o homem, a fim de fazê-lo pensar e agir e moldar a sua reali­dade como alguém que, sem ilusões, voltou à razão; agora ele gira em torno de si mesmo, o seu sol verdadeiro. A religião é nada mais que o sol ilusório que gira em torno do homem, na medida em que ele não gira em torno de si mesmo."



Marx antevê o fim da religião. Ela só existe numa situação marcada pela alienação. Desapa­recida a alienação, numa sociedade livre, em que não haja opressores, não importa que sejam capi­talistas, burocratas ou quem quer que ostente algum sinal de superioridade hierárquica, desapa­recerá também a religião. A religião é fruto da alienação. E com isto os religiosos mais devotos concordariam também. Nem no Paraíso e nem na Cidade Santa se e/nitem alvarás para a cons­trução de templos...


O equívoco é pensar que o sagrado é somente aquilo que ostenta os nomes religiosos tradicionais. Bem lembrava Durkheim que as roupas simbó­licas da religião se alteram. Onde quer que ima­ginemos valores e os acrescentemos ao real, aí está o discurso do desejo, justamente o lugar onde nascem os deuses. E Marx fala sobre uma sociedade sem classes que ninguém nunca viu, e na visão transparente e conhecimento crista­lino das coisas, e no triunfo da liberdade e no desaparecimento de opressores e oprimidos, enquanto o Estado murcha de velhice e inuti­lidade, ao mesmo tempo que as pessoas brincam e riem enquanto trabalham, plantando jardins pela manhã, construindo casas à tarde, discutindo arte à noite. . . De fato, foram-se os símbolos sagrados, justamente aqueles "já avançados em anos ou já mortos. . .". Mas eu me perguntaria se a razão por que o marxismo foi capaz de produ­zir "horas de efervescência criativa, nas quais ideias novas apareceram e novas fórmulas foram encontradas, que serviram, por um pouco, como guias para a humanidade", sim, eu me pergun­taria se tudo isto se deveu ao rigor de sua ciência ou à paixão de sua visão, se se deveu aos detalhes de sua explicação ou às promessas e esperanças que ele foi capaz de fazer nascer.. . E se isto for verdade, então, à análise que o marxismo faz da religião como ópio do povo, um outro capítulo deveria ser acrescentado sobre a religião como arma dos oprimidos, sendo que o marxismo, de direito, teria de ser incluído como uma delas. . . Parece que a crítica marxista da religião não termina com ela, mas simplesmente inaugura um outro capítulo. Porque, como Albert Camus corretamente observa, "Marx foi o único que compreendeu que uma religião que não invoca a transcendência deveria ser chamada de polí­tica...".


Capítulo extraído do livro - "O que é religião"

quinta-feira, 20 de março de 2008

Alegoria da Caverna de Platão




Imagine um grupo de pessoas que habita o interior de uma caverna subterrânea, estando todas de costas para a entrada da caverna e acorrentadas pelo pescoço e pés, de sorte que tudo o que vêem é a parede da caverna. Atrás delas ergue-se um muro alto e por trás desse muro passam figuras de formas humanas sustentando outras figuras que se elevam para além da borda do muro. Como há uma fogueira queimando atrás dessas figuras, elas projetam sombras na parede da caverna. Assim, a única coisa que as pessoas da caverna podem ver é este “teatro de sombras”. E como essas pessoas estão ali desde que nasceram, elas acham que as sombras que vêem são a única coisa que existe. Imagine agora que um desses habitantes da caverna consiga se libertar daquela prisão. Primeiramente ele se pergunta de onde vêm aquelas sombras projetadas na parede da caverna. Depois consegue se libertar dos grilhões que o prendem. E o que acontece quando ele se vira para as figuras que se elevam para além da borda do muro? Primeiro, a luz é tão intensa que ele não consegue enxergar nada. Depois, a precisão dos contornos das figuras, de que ele até então só vira as sombras, ofusca a sua visão. Se ele conseguir escalar o muro e passar pelo fogo para poder sair da caverna, terá mais dificuldade ainda para enxergar devido à abundância de luz. Mas depois de esfregar os olhos, ele verá como tudo é bonito. Pela primeira vez verá cores e contornos precisos; verá animais e flores de verdade, de que as figuras na parede da caverna não passam de imitações baratas. Suponhamos, então, que ele comece a se perguntar de onde vêm os animais e as flores. Ele vê o Sol brilhando no céu e entende que o Sol dá vida às flores e aos animais da natureza, assim como também era graças ao fogo da caverna que ele podia ver as sombras refletidas na parede. Agora, o feliz habitante das cavernas pode andar livremente pela natureza, desfrutando da liberdade que acabara de conquistar. Mas as outras pessoas que ainda continuam lá dentro da caverna não lhe saem da cabeça. E por isso ele decide voltar. Assim que chega lá, ele tenta explicar aos outros que as sombras na parede não passam de trêmulas imitações da realidade. Mas ninguém acredita nele. As pessoas apontam para a parede da caverna e dizem que aquilo que vêem é tudo o que existe; é a única verdade que existe; é a realidade. Por fim, acabam matando aquele que retornou para dizer-lhes um monte de "mentiras".


REFLEXÃO:


Por meio desta parábola, relatada por Platão, podemos refletir um pouco acerca do que entendemos por verdade. Será que nossas verdades são as “sombras” que se encontram em nossa frente? Será que nossas verdades se resumem apenas ao que percebemos com nossos cinco sentidos? Quando acreditamos apenas no que conseguimos ver, ficamos dentro das muralhas de nossa existência, de nossos sentidos, percepções, conceitos e preconceitos. Precisamos tomar cuidado para não aniquilarmos prematuramente o que ainda não vemos. Pode ser que se perca uma ótima oportunidade de ampliar nossos conhecimentos. Acreditar nas "sombras" é um péssimo hábito que, infelizmente, está muito presente também no mundo .

quarta-feira, 19 de março de 2008

PRA PENSAR

“Acho obscena a alegação de que temos de lutar pela justiça porque essa é vontade de Deus. Quem luta pelos pobres porque Deus manda não ama os pobres. Tem é medo que Deus o castigue. Admiro aqueles que já trazem consigo esse sentimento de compaixão sem ter tido necessidade de ler sobre ele nos textos sagrados”

Rubem Alves

Rebeldes "sem calça"!








Geração bunda-mole




― O mover de Deus está aqui. Nada pode impedir você de sentir o fluir e o derramar da unção. Olhe para o irmão do seu lado e diga: “Resisti ao frio e ele fugirá de vós”.



Participar dos cultos em determinadas igrejas é um programa que exige alto grau de paciência e resignação, qualquer que seja a estação do ano. Raras comunidades mantêm-se imunes aos maneirismos e frivolidades do dialeto gospel no “momento da adoração”.



Outro expediente infalível para provocar bocejos é o recorrente saudosismo dos “bons tempos” da música cristã. Em todos os lugares, há tiozinhos de barriga protuberante repetindo que “naquela época o louvor era genuíno, sem a superficialidade de hoje”. Zzzzzz...



O que existe no hiato entre o discurso seboso que enaltece a década de 70 e essa geração que introduziu mantras e lamúrias no louvor? O expediente de encontrar culpados para eximir nossa própria culpa é de pouca valia na hora da reflexão. Se os heróis do Cazuza “morreram de overdose”, ainda mais complicada é a situação de quem encontra escassos referenciais para pautar seus sonhos.



Ignorados ou tratados como imbecis pelo meio editorial, os jovens encontraram na internet alguns expedientes para suprir essa “orfandade”. Na declinante indústria fonográfica gospel, poucos sobrevivem aos 15 minutos de fama preconizados por Andy Warhol. Mesmo assim, a aspiração ao estrelato consome a energia e o tempo de milhares de “levitas”. Claro que devidamente camuflada sob o discurso de “Deus me chamou para evangelizar através da música”. Infelizmente, poucos são vocacionados para interagir nas universidades e nos pólos culturais.



Em consonância com a poesia de Gilberto Gil, a alma de boa parte dos que pululam nos palcos musicais eclesiásticos “cheira a talco”. Necessário lembrar o outro adágio que apregoa não ser nada confiável o bumbum dos bebês. A alternância de odores sinaliza que é hora de trocar as fraldas e fazer a devida assepsia.



Líderes de todo o país sofrem nas mãos do que convencionou-se chamar de “sensibilidade dos músicos”, eufemismo para escamotear a constante contrariedade a qualquer tipo de ingerência. Se um número especial da galera é cancelado, imediatamente o grupo é banhado pela “unção do beicinho”. Fraldas cheias de novo.



Pressionados pela concorrência do vestibular e pela conquista ainda mais difícil de uma vaga no mercado de trabalho, muitos sucumbem à indolência macunaímica. Os males do sedentarismo são bem conhecidos. Desnudar a juventude evangélica de hoje revela as nádegas flácidas de uma geração que parece ter saído do nada e caminhar para o lugar nenhum. Ao contrário do filho pródigo da parábola, a herança que os jovens receberam da geração que os antecedeu não foi suficiente para grandes viagens. Em todos os sentidos.



Blaise Pascal falava em duas alternativas: desistência por meio da covardia ou o escape, por intermédio do orgulho. Será que não há luz divina no fim desse túnel?“



Ser jovem e não ser revolucionário é uma contradição genética”, dizia o Che Guevara. Será que depois das gerações hippie e Coca-Cola teremos a geração H2OH, cujo conflito de “identidade” a confina em uma zona indefinida entre ser água ou refrigerante?



O conselho de Nelson Rodrigues é bem conhecido: “Jovens, envelheçam”. Minha recomendação é assaz diferente: rebelem-se. É hora de assestar contra a mediocridade reinante no meio do rebanho, contra a lassidão intelectual, contra as cassandras transmissoras do germe da culpa, contra o abuso de líderes tiranos, contra a indigência artística e até contra minhas diatribes.



Dono de lentes argutas e dramáticas para observar o mundo, Caio Fernando Abreu registrou um laivo de esperança que, a despeito de tudo e de todos, joga para escanteio minha angustiante sensação de impotência. “Continuo a pensar que quando tudo parece sem saída, sempre se pode cantar".

sábado, 15 de março de 2008

O CRISTIANISMO A FAVOR DOS EXCLUÍDOS

Resumo:

O objetivo do artigo é o de apresentar o paradigma da libertação como agente norteador discurso teológico latino–americano surgido na década de 60 do século XX. Esta teologia caracteriza-se pela valorização da ação de Deus na história, como fonte de libertação social, e pela valorização da práxis social libertadora, como expressão de fé em um Deus libertador.
















A TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO: O CRISTIANISMO A FAVOR DOS EXCLUÍDOS

Alexandre Marques Cabral

A palavra teologia vem da conjugação de TÉOS e LÓGOS, dois termos gregos. Poder-se-ia dizer que teologia é todo discurso acerca de Deus. Assim, por exemplo, foi denominado por Aristóteles em seu livro “Filosofia Primeira”, que hoje conhecemos com o nome de metafísica. Para Aristóteles o TÉOS seria objeto de pesquisa da maior de todas as ciências: a ciência do ser enquanto ser – esta que hoje denominamos de metafísica. Portanto, para ser estagirita – Aristóteles, a metafísica, ou seja, a filosofia primeira, é sinônimo de teologia.
Apesar de podermos falar de teologia em um sentido lato, tal como abordamos acima, atualmente o significado deste termo difere-se deste que expusemos. Teologia hoje é o discurso racional acerca de Deus a partir dos dados advindos de um livro revelado: Bíblia, etc. À teologia compete, portanto, a atualização dos dados revelados através do discurso (lógos), segundo as exigências históricas vigentes. Com isso, se mostra o caráter transitório do discurso teológico: a transitoriedade do discurso deve-se à transitoriedade própria da história humana, da cultura e de suas diversas problemáticas. Deus, por isso, deve sempre aparecer ao homem, através do discurso teológico, historicamente situado. Esta, última informação nos leva a perceber a imbricação necessária entre teólogo, revelação e história.
Não obstante à imbricação supracitada, não poucas vezes a teologia cristã se configurou de forma totalmente anacrônica em seus discursos e, conseqüentemente, em seus conceitos. A teologia cristã durante séculos, preocupou-se com o hyperurânio de Platão, com o motor imóvel de Aristóteles, com a cidade de Deus de Agostinho, menos com as problemáticas históricas que fatalmente orientavam a vida social do homem. É comum nos depararmos com textos clássicos da teologia e sermos levados às nuvens, aos céus, como, por exemplo, num texto de Irineu ou de S. Agostinho de Hipona. Mas, qual a razão disto? Isto ocorreu por mera vontade dos teólogos? Certamente, não.
A teologia cristã configurou-se de forma anacrônica por muito tempo, devido ao instrumental filosófico que ela utilizou para discursar acerca de Deus. Tal instrumental derivava-se da metafísica clássica que tem como característica formular conceitos anacrônicos, desconsiderando o caráter histórico do homem – ou seja, desconsiderando o homem enquanto ser histórico, que se faz (constrói) no tempo. A conseqüência disto, é que os dados da revelação cristã – Bíblia – foram entendidos como realidades atemporais e ahistóricas. Por isso, por muito tempo – certamente, também ainda hoje – entendeu-se Deus, Reino dos Céus, inferno, etc., como realidades totalmente transcendentais, totalmente destacadas dos processos e fases históricas da humanidade.
Esta forma de discurso acerca de Deus foi submetida à crítica com o advento da modernidade e do pensamento contemporâneo. A metafísica, que foi a “pedra angular” da teologia clássica, foi fortemente criticada a partir da modernidade. Descobriu-se, após séculos de especulação, a história como característica essencial do homem e a cultura como âmbito de toda construção histórica. Com isso, o pensamento ocidental, largou aquele transcendentalismo metafísico, tornando-se por isso mais imamentista. Isto influenciou fortemente a teologia. O encontro do homem com Deus – chamado pela teologia da GRAÇA – passou a ser pensado como realidade histórica: Deus se manifesta ao homem situando-se histórica e culturalmente, ou seja, o encontro de Deus com o homem difere-se na história em suas diversas épocas, e difere-se na pluralidade cultural que se dá no seio da humanidade. Obviamente, isto gerou uma certa relativização no discurso sobre Deus; porém, valorizou a historicidade como característica essencial do ser humano, além de valorizar a multiplicidade de formas de Deus se apresentar ao homem, superando, assim, o anacronismo clássico metafísico que norteava o pensamento teológico no entendimento da relação homem – DEUS.
A chamada Teologia da Libertação está inserida nesta última fase do pensamento ocidental que destacamos acima: a fase da valorização da história, da cultura e da diversidade de formas de manifestação do encontro do homem com Deus. Ela é uma teologia propriamente cristã; por isso, utiliza a Bíblia como pressuposto necessário de seus discursos.
A expressão “teologia da libertação”, já mostra o sentido norteador deste discurso teológico. O genitivo que aparece na expressão citada – DA LIBERTAÇÃO -, mostra-nos que a libertação é o horizonte regulador do discurso acerca de Deus, e, ao mesmo tempo, mostra-nos que o Deus do discurso é fonte de libertação. Esta se manifesta concretamente nos diversos momentos do processo histórico de um povo. Conseqüentemente, a teologia da libertação torna-se força geradora de ações que viabilizam uma práxis libertadora, segundo as necessidades advindas das diversas circunstâncias sob as quais um povo está submetido.
“A teologia da libertação é um movimento teológico que quer mostrar aos cristãos que a fé deve ser vivida numa práxis libertadora e que ela pode contribuir para tornar esta práxis mais autenticamente libertadora” (MONDIN, 1980, p. 25). Neste sentido, o cristão é impelido a viver a práxis libertadora nas diversas épocas da história.
O termo libertação foi cunhado a partir da realidade cultural, social, econômica e política sob a qual se encontrava a América Latina, a partir das décadas de 60/70 do último século. Os teólogos deste período, católicos e protestantes, assumiram a libertação como paradigma de todo fazer teológico. Vejamos o quadro social da América Latina no período originário da teologia da libertação:
“O ambiente político é geralmente caracterizado pela presença de governos que administram o poder arbitrariamente em vantagem dos ricos e dos poderosos, fazendo amplo uso da força e da violência. (...) O ambiente econômico e social está marcado pela miséria e pela marginalização da maior parte da população. Os recursos econômicos são controlados por um pequeno grupo de privilegiados. (...) No ambiente cultural se verifica ainda uma notável dependência da Europa e dos Estados Unidos. Na ciência como na filosofia, na arte como na literatura, quase nada é concedido à originalidade das populações latino-americanas” (Ibidem, p. 25-26).
O quadro de degradação apresentado na América Latina é o fundamento gerador do conceito de libertação. A libertação, então, é toda “ação que visa criar espaço para a liberdade” (BOFF, 1980, p. 87). Ser livre, neste sentido, é não estar sob o jugo da lei alheia; é poder construir-se autonomamente. O processo histórico da América Latina foi e é dominado por diversas leis estranhas a ela. A América do Norte, em especial os EUA, e os países europeus, sempre impuseram aos latino–americanos seus valores, suas políticas, sua cultura, etc. Neste sentido, a libertação no seio da América Latina, é a luta pela liberdade da cultura, dos valores, da economia, da política latino-americanos, frente às diversas opressões advindas de um modelo imperialista que rege a práxis do hemisfério norte em suas relações com o hemisfério sul, especialmente como o povo latino–americano. Tal relação impõe ao hemisfério sul a cultura do hemisfério norte.
Devido à pobreza e à nefasta degradação do povo latino-americano, a libertação deve ser entendida como superação de um processo de exclusão; já que esta é a conseqüência direta da relação norte–sul, onde milhões de homens e mulheres empobrecem e se deterioram porque ficam à margem (excluídos) do processo econômico e político norteado pelo capitalismo imposto pelos EUA e Europa.
Desta forma compete à teologia da libertação a tarefa de discursar sobre Deus a partir da ótica de um processo excludente e a partir da realidade concreta dos excluídos. O teólogo da libertação, portanto, deve ter este duplo olhar: olhar para Deus e olhar para o excluído. Olhar para Deus é a fonte de toda libertação possível e o olhar para o excluído identifica onde há necessidade de libertação. Olhando para Deus – ou Cristo -, a teologia da libertação diferencia-se de todo movimento libertador laico, já que a libertação apresentada pela teologia enxerga nos processos históricos a possibilidade de presentificação da nova ordem escatológica anunciada por Cristo, ou seja, o Reino de Deus – ordem de justiça e da superação de toda opressão possível, na sociedade e no cosmos. Ao pretender olhar para o excluído e para o sistema gerador de opressão, como pressuposto de todo fazer teológico, a teologia da libertação difere-se radicalmente das teologias clássicas, pois supera o anacronismo destas, circunscrevendo a experiência de Deus no âmbito do engajamento do fiel na luta contra todo o sofrimento humano historicamente situado.
Para que haja elaboração da teologia da libertação é mister que se compreenda os fenômenos da opressão e da exclusão. Estes devem ser compreendidos através de uma mediação sócio – analítica, “Libertação é libertação do oprimido. Por isso, a teologia da libertação deve começar por se debruçar sobre as condições reais em que se encontra o oprimido de qualquer ordem que ele seja.” (BOFF, 1996, p. 40). O método utilizado para elucidar sócio–analiticamente o fenômeno da opressão e da exclusão pela teologia da libertação, é o método histórico- dialético.
O marxismo passa a ser a filosofia predominante na análise sócio–analítica feita pela teologia da libertação. Porém, o marxismo é utilizado como instrumento, não tendo fim em si mesmo. “Na teologia da libertação o marxismo nunca é tratado em si mesmo, mas sempre a partir, e em função dos pobres” (Ibidem, p. 45). O sentido último da teologia não é Marx, mas Deus.
Após a leitura sócio–analítica, o teólogo da libertação deve-se deparar com a Bíblia Sagrada. A Bíblia deve fornecer subsídios para que se possa identificar a face de Deus e sua ação libertadora, nos diversos momentos históricos, sob as quais vive o teólogo e seu povo. Há, então, no processo de elaboração da teologia da libertação, uma imbricação necessária entre a análise sócio–analítica da realidade e a Bíblia Sagrada. Esta última fornece o sentido teológico da práxis libertadora proposta pela teologia da libertação.
Com a gênese da teologia da libertação na América Latina, “a religião passa a ser um fator de mobilização e não do freio” (BOFF, 1980, p. 102). A religião não mais se apresenta como “ópio do povo”. Ela passa a ser fonte de libertação e de esperança para o homem. A religião, desta forma, não se reduz a uma ideologia que mantém o status quo social e político; também não é mais fonte de discursos etéreos. A teologia da libertação pretende mostrar que Deus não está em uma esfera trans–histórica; mas, ela quer mostrar que Deus encarna-se na história, gera libertação de um povo humilhado, gera vida e esperança a um povo crucificado e sem sonhos. Podemos dizer, metaforicamente, que a teologia da libertação anuncia a ‘’descida’’ de Deus de sua esfera transcendente e “celeste” e mostra-o como agente dignificador dos humilhados da terra. Deus não é mais um conjunto de doutrinas e especulações, mas é a fonte de toda a luta pela justiça e igualdade. Por isso, Deus se manifesta nas lutas históricas pela justiça, pela inclusão e pela superação de toda opressão vigente na humanidade. “Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão.”(Ex 20,2). Eis a face de Deus anunciada pela teologia da libertação: Deus que tira o povo da opressão, da servidão.
O céu almejado pela humanidade, não é pensado como realidade post mortem. Este céu que fora pensado pela teologia clássica como realidade distante que se manifestaria no porvir, encarna-se no “agora”, através da práxis do povo em prol da dignidade humana: cada conquista popular, no que tange a uma relação mais justa entre os homens, presentifica o céu no seio da humanidade.
A teologia da libertação surge para mostrar que Deus é “Pai – Nosso”; portanto os homens e as mulheres devem se relacionar como irmãos e irmãs, sem haver exclusão, sem haver opressão ou sem qualquer tipo de violação da dignidade humana. Lutar pela libertação é valorizar a paternidade universal de Deus, que se manifesta nas relações justas e fraternas entre todos os seres humanos.

Bibliografia:
1. BÍBLIA SAGRADA. São Paulo: SBB, 1996.
2. BOFF, Leonardo, BOFF, Clodovis. Como fazer teologia da libertação. Petrópolis: Vozes, 1986.
3. BOFF, Leonardo. Teologia do cativeiro e da libertação. Petrópolis: Vozes, 1980.
4. _____________ O caminhar da Igreja com os oprimidos: do vale das lágrimas à terra prometida. Rio de Janeiro: Codecri, 1980.
5. MONDIN, B. Os teólogos da libertação. São Paulo: Paulinas, 1980.









Eu creio!

Eu creio no Deus Vivo, presente na luta do povo oprimido!

Eu creio no Deus de Amor a todos !

Eu creio no Deus que não tem religião e é a força de meus irmãos índios!

Eu creio no Deus que é Pai Verdadeiro de todos os povos:Do povo das florestas, do povo das ruas, do povo sem teto e do povo sem terra.
Do povo sem salário e sem trabalho, sem comida e sem remédio.

Eu creio no meu Deus que é o Deus que nos une e nos faz acreditar em um mundo melhor!

Eu creio no Deus que me faz parar de chorar e que abraça as crianças de rua!

Eu creio no Deus que me empolga e me faz crer na história !

Eu creio no Deus que me faz ter fé no dom de lutar que ELE nos deu.

Eu creio no Deus da Vida que não quer o mal de ninguém, que não castiga ninguém e que não mata ninguém!

Eu creio no Deus todo poderoso que nos criou por AMOR e nos faz AMAR!!!


*Laura Juliani *
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Amém!
Amem!
Amem-se!